domingo, 15 de junho de 2014

Petrópolis e o Estilo Californiano




      Matéria veiculada na ZH Zona Sul de 13 de junho de 2013, intitulada California Dreaming, de autoria do arquiteto e morador da Zona Sul, André Huyer, mencionou o bairro Petrópolis, juntamente com o bairro Vila Assunção como uma espécie de reduto, em Porto Alegre, de um estilo arquitetônico que mesclou a arquitetura rural espanhola das missões jesuítas com as formas simples de antigas civilizações indígenas e que também representou, de certa forma, a busca pela identidade nacional na arquitetura, especialmente entre os anos 30 e 50. 

Esta arquitetura é o denominado estilo californiano, e se faz presente também no patrimônio cultural do bairro Petrópolis.  

     A matéria com o título “Casas com Personalidade” vem abaixo transcrita na íntegra e é ilustrada com imagens do patrimônio cultural de Petrópolis. Segue:


                                                                          
Hoje em dia, morar em casa - e não em apartamento – já é um diferencial. Mas se a casa for de uma arquitetura com personalidade, melhor ainda. E muitas vezes as pessoas nem sabem que suas casas são especiais.    


A Vila Assunção e alguns bairros, como o Petrópolis, são fortes redutos do que restou da arquitetura de estilo californiano. É muito fácil identificar uma casa neste estilo: entrada sob varanda na frente, com um ou dois arcos; paredes rebocadas com textura, pintura na cor branca; pedras de granitos aparentes nos cantos, nos arcos e nas chaminés; cobertura com telhas cerâmicas coloniais e um quadro de azulejos (...) no oitão do telhado.   
     

Este estilo teve forte presença nas décadas de 1930 a 1950. É, provavelmente, o único estilo pan-americano de arquitetura. Sua utilização tinha inicialmente um significado de autoafirmação nacional, em contraponto a arquiteturas de simples cópias européias. Surgiu nos Estados Unidos mixando elementos da arquitetura rural espanhola das missões jesuíticas com as formas simples de antigas civilizações indígenas (pueblos). Difundiu-se por México, Venezuela, Peru, Argentina,  Uruguai e Brasil.


     
Na intenção de ser um contraponto à arquitetura européia, no Brasil, o californiano teve um concorrente: o estilo neocolonial português. Enquanto o neocolonial foi mais forte no centro do país, no Rio Grande do Sul o californiano foi o estilo preferencial. Estima-se que por influência trazida de Buenos Aires e Montevidéu.
     
O estilo californiano também é chamado de missões, espanhol ou mexicano, apresentando variações, com exemplares mais ricos e outros mais espartanos. Nos anos 1950, o modelo esgotou-se, pois havia virado um modismo repetitivo. Além de residências também foi empregado em alguns prédios públicos, e, na Vila Assunção, na sua capela (na praça José Assumpção), sendo um dos raros templos ainda existentes neste estilo. 


      Quem mora em uma casa em estilo californiano, mora em uma joia da arquitetura, cada dia mais rara. São prédios charmosos, de aspecto aconchegante, representam uma era de nossa cultura. Os exemplares remanescentes têm identidade própria, diferenciada da pasteurização de nossas cidades.









André Huyer é arquiteto e urbanista, especialista em patrimônio cultural em centros urbanos pela UFRGS.











As fotos que ilustram esta matéria do blog são de alguns dos muitos imóveis que representam o patrimônio cultural de Petrópolis no estilo californiano.  
             

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